Seria interessante se alguém escrevesse uma ficção retrofuturista “autêntica” que… se passasse num mundo como o de 1800 – com as mesmas roupas, costumes, tradições, valores morais, etc, etc, etc – porém onde nós tivéssemos as tecnologias atuais, e especialmente algo com a mesma estética delas.
Imaginem algo como “E o Vento Levou” com iPhones.
O “steampunk”, se aproxima muito ligeiramente desse conceito, porém ele retrata tecnologias, ou que não existem atualmente, ou que quando existem, a forma como elas funcionam na ficção (geralmente movidas a vapor ou carvão) não é como elas funcionam no mundo real, como vocês podem ver aqui.
Aliás, isso é um ponto em comum do retrofuturismo; eles mostram as pessoas de antigamente com as tecnologias futuristas da forma elas as imaginavam. E não como tais inventos realmente vieram a existir no mundo real.
É claro, obviamente, tal realidade retratada exigiria uma grande suspensão de descrença, pois muitos dos valores do passado não fariam o menor sentido com as tecnologias hoje, e farão ainda menos sentido no futuro, devido as mudanças sociais causadas por essa mesma tecnologia que tentamos imaginar.
Por exemplo, toda a ideia de escravidão é ilógica num mundo onde há uma profunda automatização da sociedade, e no qual nós temos robôs. Claro que ainda, mesmo assim, poderíamos retratar a escravidão – como se por algum motivo a ideia de substituir escravos por robôs simplesmente não houvesse ocorrido aos poderosos – porém, seria irreal.
Nesse sentido, imaginar um século 19 com iPhones e demais modernidades… igual ou minimamente similar ao como o século 19 foi de verdade é simplesmente uma idealização nossa. Pois, uma vez que a humanidade adquirisse tais modernas tecnologias, toda a estrutura social simplesmente mudaria, e o século 19, ou seja lá qual época fosse, deixaria de existir como a conhecemos.
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