O Depois…

Muitos historiadores associam a explosão de casos de serial killers nos EUA nos anos 60 com a geração dos filhos dos soldados que lutaram na Segunda Guerra Mundial, muitos deles voltando para casa com uma série de problemas psicológicos que jamais foram tratados: depressão, estresse pós traumático, alcoolismo, etc, etc…

Pois bem, avancemos 80 anos no futuro, a humanidade agora enfrenta uma pandemia que até esse presente momento, Abril de 2021, já matou quase 3 milhões de pessoas no planeta. Muitas delas ainda muito jovens, muitas delas da mesma família e todas que ainda tinham a vida inteira pela frente. Esses dias mesmo estava lendo uma notícia de uma família em que todos morreram: o filho de 13 anos, sua mãe de 37 e a avó de 64. Todos menos o pai, deixado para viver num mundo agora miserável sem as pessoas que ele amou. Como viver sabendo que toda sua família morreu num intervalo de 1 mês?

O que havia – graças aos avanços da tecnologia médica e do arranjo geopolítico mundial pós-Segunda Guerra – se tornado um evento raro em boa parte do mundo, geralmente restrito àqueles que tiveram o azar de cruzar com as esporádicas mazelas da vida, tais como desastres de avião e afins.

Dei toda essa volta para dizer que isso gerará profundas cicatrizes e complexidades na mente humana, ou, colocando no Português das ruas: Isso vai foder a cabeça das pessoas. De modo algum quero dizer que essas feridas vão se manifestar como assassinatos em série daqui a 30 anos, mas certamente isso irá se manifestar de alguma forma.

Talvez um vício, talvez como uma ligeira amargura que irá inebriar a visão de mundo da geração que sobreviveu ao COVID-19, quiçá no mínimo um cinismo de fundo em relação à vida humana e se a existência é realmente toda essa dádiva que tanto dizem na TV?

Estilhaços por todo o mundo e uma geração de pessoas arruinadas, psicologicamente, financeiramente, emocionalmente deixadas para trás…