O Prédio em Chamas e o Feminismo

“Zanin suspende concurso da PM e dos Bombeiros de MT por limitar vagas para mulheres”

Essa notícia, e decisão do ministro, ignora que esse “limite de vagas para mulheres” (que na verdade está mais para um aumento artificial no número de mulheres bombeiras através de cotas, já falo mais sobre isso) ocorre porque a mulher é – no geral – fisicamente menos capaz do que o homem e que os critérios de exame físico para elas ingressarem no corpo de bombeiros são reduzidos em comparação aos do homem.

É uma cota que, se ela não existisse, e se os critérios de exame fossem os mesmos, o número de mulheres seria próximo a 0. Falando de modo “bruto”, a utilidade da mulher nessa área de serviço é menor, já que elas vão acabar na maioria das vezes fazendo trabalho burocrático em vez de carregar um equipamento de 50 quilos num prédio em chamas. E o negócio de “carregar um equipamento de 50 quilos num prédio em chamas” é meio que boa parte do que é ser bombeiro. A matéria diz que o número de vagas para as mulheres é limitado em 880, bem… se elas fizessem a mesma prova que o homem, o número das que conseguiriam passar seria muito, muito, muito inferior a esse…

Resumidamente, são dois erros: o primeiro é reduzir a exigência física para entrada de mulheres no corpo de bombeiros para poder ficar bonito no discurso feminista, que diz que a mulher “É tão capaz quanto o homem em absolutamente tudo”, mas para conseguir um emprego fisicamente estressante que a maioria das pessoas nele é homem, defendem uma exigência física menor para elas, em vez de fazer a mesma prova que todo mundo. Se você está num prédio em chamas, o que você menos quer é saber que vai morrer queimado porque a pessoa responsável por ir lá te salvar não conseguiu carregar um equipamento pesado.

O segundo erro é, sabendo disso tudo você decidir agravar o problema removendo essa “limitação”, mas ainda mantendo o teste de exigência física menor para a admissão de mulheres. Não dá para ter um corpo de bombeiros onde 85% das pessoas lá trabalham na área administrativa.

Enfim, essencialmente as feministas querem igualdade só nas coisas boas (nunca vi feministas exigindo cotas para mulheres garis, por exemplo). Na hora de fazer o exame não querem um teste igual a todos, mas um específico, fisicamente menos estressante para elas.

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O Papel da Fotografia na Era da Mídia Sintética

Imagem gerada por Midjourney V6 / Fotografia mostrando o surfista Italo Ferreira tirada por Marcelo Maragni durante o eclipse solar ocorrido no Brasil em 2023

Com o avanço da inteligência artificial na criação de mídia sintética, ao ponto de criar fotografias artificiais praticamente indistinguíveis das reais, vejo a fotografia daqui para frente se valendo muito de dois elementos:

O primeiro deles sendo a autenticidade – fotojornalismo, casamentos, etc. Gerar uma foto sintética duma festa de casamento ou duma zona de guerra simplesmente não é a mesma coisa que você fotografar aquilo “de verdade”. O segundo ponto onde vejo a fotografia se apoiando cada vez mais é na excelência técnica e na criação de imagens extraordinárias sem o uso de nenhum efeito digital.

Acredito que podemos traçar um paralelo disso com o velho debate de CGI vs efeitos especiais práticos: muito embora o resultado de ambos possa ser idêntico e a computação gráfica seja mais barata, muitos diretores ainda fazem questão de usar efeitos práticos, pois aquilo tem uma “qualidade real” que estes valorizam.

Citando o exemplo da imagem inicial do post, no decorrer do eclipse solar deste ano no Brasil, o fotógrafo Marcelo Maragni capturou uma imagem icônica, destacando o surfista brasileiro Italo Ferreira segurando sua prancha enquanto o sol se eclipsava ao fundo. Essa imagem poderia ter sido facilmente criada no Photoshop em 20 minutos ou no Midjourney em 2, mas para fotografá-la no mundo real Maragni teve de se preparar ao longo de 5 anos. Essa excelência técnica, essa dificuldade, essa autenticidade, essa “qualidade real”, é o que o ser humano tem a oferecer. E, conforme a IA evolui, é a única coisa que o ser humano terá a oferecer na criação de arte.

Porém, nas situações onde esse não é o caso, onde essa “qualidade real” não existe ou existe num grau muito inferior, uma stock photo, ou até mesmo um ensaio fotográfico para uma revista acontecendo num estúdio onde todas as variáveis (iluminação, maquiagem, cenário, roupa, hora e data da filmagem, etc…) já estão ao seu controle…

Nessa situação o apelo duma fotografia em comparação a uma imagem sintética perde muito de seu valor, já que não há essa “qualidade real”, não existe uma grande excelência ou desafio técnico a fim da execução, e no fim das contas você já está manipulando a foto, só não está fazendo isso através dum prompt, mas cada variável lá já foi controlada artificialmente.

3 Futuros Impossíveis e um Amanhã Terrível Para A Palestina


1) Criação dum Estado Palestino livre e independente baseado, no mínimo, nas fronteiras pré-1967

Essa proposta seria viável pelo lado árabe, mas é completamente inviável imaginar Israel voluntariamente abrindo mão de 5.860 km², ainda mais quando eles só se retiraram da Faixa de Gaza, meros 365 km² – um território cerca de 16 vezes menor – em 2005, à contragosto dos judeus colonos morando lá. Não é nem que fosse “impossível” dum ponto de vista logístico remover cerca de 4% da população de Israel (500 mil judeus), que mora na Cisjordânia ocupada, mas a diplomacia e a segurança nacional não funciona assim (Israel jamais aceitaria o surgimento duma nação independente que não estivesse sob seu controle bem ao seu lado).

E de fato, os assentamentos israelenses foram plano central para inviabilizar a criação dum Estado Palestino, basta olhar o mapa de paz proposto por Trump em 2020 e constatar a total inviabilidade prática da criação de tal nação: território do estado palestino picado em trocentos pedaços, Cisjordânia totalmente cercada por Israel e aos sabores de suas vontades, etc, etc: uma Palestina fraca, frágil, pobre e totalmente dependente de seu pior inimigo.
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