Não acredito na fila do SUS

Faustão passa por transplante de coração; hospital diz que cirurgia foi ‘sucesso’

Já admito de antemão, talvez seja conspiração de minha parte, mas conhecendo o Brasil, o país do jeitinho, da maracutaia, a nação do “levei vantagem”, tenho uma crença negativa em cada instituição pública brasileira e de sua respectiva competência e idoneidade: de nossa Suprema Corte, que manda soltar traficantes, até o SUS com suas filas superlotadas intermináveis para o povo.

Dito isso, acho estranho alguém conseguir um coração tão rápido assim. Não digo aqui que a família do Faustão na calada da noite levou uma maleta de dinheiro com 1 milhão de dólares, colocou ela na mesa e os médicos entregaram o coração numa caixa de isopor. Não, evidentemente não foi isso que aconteceu.

Mas questiono o quanto o fato dele ser alguém rico, alguém famoso, alguém que teve dinheiro para se internar em um dos melhores hospitais do país contribuiu para o mesmo conseguir ter acesso a um coração em questão de menos de 1 mês. Questiono todo esse sistema.

Quantas pessoas na mesma situação de Fausto morrem na fila de espera ou antes mesmo disso? E quais as probabilidades de alguém comum com esse mesmo problema dele ter acesso a um coração tão rápido assim?

O sistema é corrupto duma forma que verdadeiramente acredito que Faustão não pediu em momento algum qualquer tipo de tratamento especial. Ele só era um multimilionário, super famoso que se internou num dos melhores hospitais do país, num caso de grande repercussão, onde certamente o SUS não gostaria de mostrar as limitações do sistema e como ele realmente é para absoluta maioria da população.

É uma lógica ligeiramente similar a como presos envolvidos em crimes de grande repercussão são tratados, estes sendo enviados para presídios com condições dignas, para parecer – diante da opinião pública – que o Estado não falhou na manutenção do sistema prisional, e de que no Brasil não existem presídios superlotados e 200 mil presos sem condenação em primeira instância. Ou seja, em ambos os casos existe um claro interesse do governo de mostrar a “melhor face” de um sistema caindo aos pedaços.

“França desafia ultimato de militares e embaixador permanece no Níger”

“França desafia ultimato de militares e embaixador permanece no Níger”

França não querendo abrir mão de sua colônia africana de jeito nenhum. Se Macron estivesse preocupado com ditaduras não manteria relações diplomáticas com China e Arábia Saudita, ou, até mais corajosamente ainda: denunciaria publicamente a brutal ditadura comunista chinesa e a teocracia árabe e se negaria a fechar a embaixada francesa em tais países desafiando o ultimato deles…

O Homem Comum

Acredito que a opinião e a perspectiva do “chão de fábrica”, do homem do campo, do caminhoneiro, do taxista, do “tiozão do zap”, de quem nunca pisou numa universidade, de quem não é um intelectual engomadinho falando um monte de palavra bonitinha e que lê o O Globo. “Oh, não é Estado Islâmico, mas sim Daesh porque não queremos estigmatizar os praticantes do Islã” e taltaltal e léroléro. Acho que isso tem um valor absolutamente inestimável, o valor de quem está fora disso tudo aí. Há muita verdade no conhecimento popular, há muita verdade do “isso não parece correto”, “isso parece estranho”, “isso parece errado”.

Acredito que grande parte do mundo acadêmico acaba moldando as pessoas duma forma. A maioria quando vai para lá é jovem e acabam tomando as formas daquele ambiente, devido a uma pressão dos pares. É como uma reação em cadeia que acaba se mantendo: essas pessoas saem do mundo acadêmico, vão para as redações dos jornais, revistas, mídias sociais, e muitas eventualmente voltam para esse mesmo mundo, agora como professores e tutores, reproduzindo a mesma visão. E a roda continua girando.

Não digo que o mundo intelectual é o demônio, mas testemunhei diversas vezes o quanto ele molda as pessoas para automaticamente rejeitar e negar certos questionamentos e perguntas. Vejo esse desprezo das elites intelectuais pelo homem comum diversas vezes para ao menos parte considerável do que o que digo aqui não ser bem embasado. E, evidentemente, também não digo que todo o conhecimento popular seja válido, mas, novamente, vi perguntas vindas do povo estarem muitas vezes absolutamente corretas para dizer que “tudo que esse povo burro diz tá errado”:

Por que essa vacina foi inventada em 1 ano quando as outras demoram 20? Não é estranho essa explosão de gente morrendo de câncer e infartando? Por que nem mesmo nações altamente avançadas tecnologicamente, como Coreia do Sul e Japão, utilizam o voto eletrônico sem comprovante impresso? Por que Brasil é um dos únicos países do mundo com esse sistema?

Uma Extensão da Condição Humana

A partir do momento que nós temos uma tecnologia, essa tecnologia permite e desbloqueia toda uma nova forma de vida humana, uma extensão da condição humana.

Basta comparar a vida humana hoje em dia e a vida humana há 20.000 anos. Cada aspecto de nossa existência é moldado pela tecnologia: o que comemos, onde dormimos, como nossos corpos se parecem [1], como trabalhamos, como simplesmente… vivemos.

  1. A partir do momento que nós temos a tecnologia da escrita, a escrita se torna uma extensão da vida humana.
  2. A partir do momento que nós temos a tecnologia de produção em massa de alimentos, produção em massa de alimentos se torna uma extensão da condição humana.
  3. A partir do momento que nós temos a tecnologia de transporte aéreo, o transporte aéreo se torna uma extensão da vida humana..
  4. A partir do momento que nós temos a tecnologia de comunicação em massa, comunicação em massa se torna uma extensão da vida humana.
  5. E a partir do momento que nós tivermos tecnologia de realidade virtual imersiva, realidade virtual imersiva se torna uma extensão da vida humana.

Não temos telepatia, mas podemos transmitir nossos pensamentos para alguém do outro lado do mundo na velocidade da luz. Não respiramos debaixo d’agua, mas visitamos as Fossas das Marianas. Não voamos, mas fomos até à Lua. Transcendemos.

O objetivo final da tecnologia sendo permitir o ser humano ser o que ele quiser ser. O triunfo de nossa vontade e nosso destino manifesto, destino que alcançaremos ou padeceremos tentando até o fim do universo, eternamente “raging against the dying of the light”.

A Mídia, o Pornô e Family-Friendly

O lobby e a resistência das grandes corporações contra o pornô (por exemplo, a Apple não permitindo um aplicativo do XVideos na Apple Store) sempre me pareceu algo mais motivado por um conflito dentro da própria esquerda do que qualquer poder que os conservadores supostamente teriam em ditar pautas sociais.

Me parece um conflito entre uma parte da elite progressista que é favor da prostituição e parte dessa mesma elite que é contra. Ou seja, a ideia de conteúdo “family-friendly” é em grande parte movida por na verdade brigas internas da elite. Se os donos do mundo, com seus jornais e cinema quisessem, mudariam da noite para o dia o conceito de “family-friendly” e teria filme pornô da Disney na Apple TV e todo mundo acharia normal. Bastaria colocar o New York Times, CNN, Washington Post, os amigos do Consórcio dos Veículos de Imprensa, Hollywood e as Big Techs para defender essa pauta.

Uma coisa que me ensinou muito sobre o poder de lavagem cerebral da imprensa, talvez essa tenha sido a lição mais valiosa da pandemia causada por aquele vírus lá que vazou de um laboratório chinês: a mídia conseguiu manipular as pessoas para elas vacinarem os próprios filhos com uma “vacina” altamente experimental – e aqui uso uma das interpretações mais caridosas ao dizer que era “vacina” – para uma doença que a chance de matar crianças saudáveis era ínfima. E não só adultos, como crianças e jovens morreram por causa das mentiras que eles contaram.

Então, sim, acredito que a mídia conseguiria perfeitamente normalizar praticamente qualquer coisa para no mínimo uns 60% da população deste planeta. A única coisa que ambos os lados progressistas, contra e pró-pornô concordam é de, enquanto brigam entre si, jogar a culpa em meia dúzia de conservador carola sem poder nenhum de ação e fingir que a tia do zap é que está dando as cartas no mundo.

Essencialmente, feministas ainda estão discutindo “se o pornô é algo explorador ou empoderador”.

FIDE, Trans e o “Xadrez Negro”

2 drag queens playing chess Bernie Wrightson colorful / SDXL

A divisão do xadrez por categorias sempre me pareceu um conceito bem peculiar. Já escrevi sobre isso no passado, mas diante dessa nova notícia da FIDE vetando mulheres trans (pessoas que nasceram homens mas que se identificam como mulheres) de jogar em competições femininas achei válido voltar nesse assunto e abordar mais algumas questões:

1) Xadrez é um esporte que movimenta dinheiro. Existem prêmios para quem ganha competições e te garanto que o 16º colocado na competição masculina vai ganhar bem menos que a primeira colocada numa competição feminina, mesmo tendo um ranking muito maior que ela. Logo, é inevitável aparecer algum aventureiro com o nível mediano de xadrez para um homem praticante do esporte dando esse golpe e se aproveitando de uma brecha. Os inúmeros casos de doping no meio esportivo são prova de que alguém vai explorar isso. O resultado seria essencialmente a liga feminina de xadrez sendo dominada por golpistas.

2) Soma-se tal realidade a uma cultura onde exigir qualquer tipo de cirurgia, tratamento hormonal ou até mesmo um diagnóstico de disforia de gênero duma junta médica é tratado sob os gritos de “Transfóbico!. Portanto, bastaria apenas o critério de autodeclaração, tornando o golpe ainda mais tentador. Me lembra aquele caso do argentino que mudou de identidade de gênero para se aposentar mais cedo.

3) O melhor jogador do mundo, Magnus Carlsen, da moderna e prafrentex Noruega, possui 3 irmãs, uma delas, Ellen Øen Carlsen, aprendeu e jogou o esporte ao ponto de ter até mesmo um ranking FIDE, porém, diferente de seu irmão, nunca teve êxito no jogo. Logo, fica a pergunta: a culpa da Confederação Norueguesa não ter 50% de jogadoras mulheres entre os melhores jogadores de xadrez no país é do machismo de pessoas como o pai de Magnus Carlsen e da malvada sociedade norueguesa que aparentemente deve odiar tanto mulheres ao ponto de desencorajá-las de praticar o esporte?

4) Provavelmente essa distinção biológica entre homens e mulheres não é limitada apenas ao desempenho no jogo em si, mas se estende ao próprio interesse de mulheres pelo mesmo, o que por sua vez diminui a amostra de mulheres praticantes do esporte que poderiam vir a ser boas jogadoras se resolvessem jogar. Em outras palavras, não só o cérebro feminino seria menos propenso a “ser bom” no tipo de habilidade que o xadrez requer, como talvez até mais importante que isso, provavelmente o cérebro feminino é menos propenso a se interessar pelo esporte, o que por sua vez reduz a amostra de boas jogadoras.

É necessário destacar com ênfase: a maioria dos homens que joga xadrez é terrível no esporte, mas como você tem muitos homens que se interessam pelo jogo, mesmo a maioria deles jogando mal, isso ajudará a filtrar os bons jogadores, e a maioria deles será homem. Então, provavelmente a biologia atua no mínimo de uma dessas maneiras, mais provavelmente uma combinação de ambas, de modo que nem mesmo sociedades altamente progressistas conseguem – artificialmente e por meio de manipulação social – aumentar a participação de mulheres na elite do jogo.

5) Mesmo se você aceitar a alegação de que a existência de uma segregação por sexos é necessária visando incentivar a participação de mulheres no esporte “não devido a qualquer diferença biológica, mas sim devido ao tal preconceito da sociedade hétero normativa cristã patriarcal cisgênera

Se você aceita esse argumento e sua premissa base, você acaba criando um novo problema, já que você estaria então tratando mulheres como “café com leite”, pois o mesmo argumento, usando mais ou menos as mesmas alegações, poderia ser feito pedindo a criação de uma liga negra de xadrez, tal como a criação de títulos de GMs exclusivos para negros e competições com prêmios em dinheiro para jogadores negros visando aumentar a participação deles no esporte.

O mesmo argumento de discriminação, de falta de exemplos de referência de super GMs negros (nunca houve um grande mestre negro disputando o Torneio dos Candidatos), ocorre nesse caso. Então, por que não existe uma liga negra enxadrista, mas existe uma liga de xadrez feminino? No mínimo, para manter a coerência, você teria que também defender a existência dessa liga exclusiva para negros.

E, claro, aqui poderíamos entrar num loop infinito de criação de categorias específicas para grupos sociais historicamente estigmatizados e pouco representados no esporte: ligas e títulos de xadrez específicos para anões, albinos, cadeirantes, cegos, surdos, gordos, etc, etc…

Porque eu não gosto de celulares…

Não, eu não sou nenhum ludista contra a tecnologia. Fundamentalmente, não sou lá muito fã desses dispositivos por 3 razões, todas elas muito justas em minha modesta opinião:

  1. O software deles é, de maneira geral, muito mais limitado. É algo bobo, mas, para ilustrar meu ponto, a maioria dos navegadores mobile não suporta extensões. Sim, sei que há exceções, como o Firefox, mas mesmo este, sua versão mobile ainda é consideravelmente mais restrita em comparação com a do PC, não suportando, por exemplo, containers. E isso está longe de ser algo exclusivo do Firefox ou dos navegadores. Pelo contrário, você vai notar essa cultura de design, ainda hoje em pleno 2023, em toda a filosofia de software mobile. Logo, comparando o que posso realizar sentando em frente ao meu computador com o que consigo fazer no celular, é frustrante ver quão limitado eu sou.
  2. A interface é restrita demais devido ao seu tamanho compacto. Não há muito o que fazer quanto a esse ponto, porém apesar de justificável, isso me impede de notar o quão mais rápido consigo interagir com o computador ao digitar em um teclado e usar meu mouse com 20 botões, e como a experiência é mais limitada ao utilizar o celular, limitado por uma tela touchscreen.
  3. O terceiro e último problema, que pode ou não ser um pouco de preguiça de minha parte, seria a dor de cabeça ao ter que manter dois dispositivos mais ou menos sincronizados. É como ter um carro e adquirir uma moto porque você consegue levar ela em certos lugares onde não dá para levar o carro.

Não significa que rejeito completamente o conceito de dispositivos mobile-friendly. Muito pelo contrário, idealmente, e este é um grande sonho meu, sempre achei empolgantes ideias como o Dex, onde você tem um único dispositivo que, quando conectado a uma dock, se transforma em um computador completo. Imagino um celular que, ao ser conectado a uma base de notebook, o sistema operacional se adaptaria automaticamente.

A Samsung e outros brincaram com essa ideia, porém suas implementações nunca foram lá grande coisa, sempre deixando muito a desejar, nunca fazendo parecer que o sistema operacional estava realmente se adaptando a uma tela maior e um suporte de teclado e mouse.

Óculos de realidade eventualmente substituirão os celulares (e até mesmo os PCs como os conhecemos), mas acredito que não conseguiremos, ao menos tão cedo, dominar o processo de miniaturização a ponto de tudo caber em um óculos portátil. De modo que a combinação “dock de notebook e celular”, que de fato nunca deu muitos frutos, acabe, na verdade, sendo “óculos de realidade virtual e celular”.

Quero dizer, acredito que muito provavelmente o primeiro óculos de VR portátil popular dependeria de algum dispositivo externo local para o processamento de dados a serem enviados para o display no seu rosto, talvez um… celular?

De qualquer forma, ainda acredito e alimento a esperança no conceito do dispositivo único. Principalmente com a eventual popularização de óculos de realidade virtual portáteis, onde a fronteira entre dispositivos mobile e desktop se funde cada vez mais. Ou seja, em tal dispositivo, sua área de trabalho poderia ser um monitor de 30 polegadas projetado em seu campo de visão, na verdade, poderia ser até mesmo todo o seu campo de visão.

Dessa forma, considero que no futuro sistemas operacionais evoluam cada vez mais nesse sentido, tornando-se mais responsivos em diferentes resoluções, mais completos e capazes, essencialmente se tornando adaptados a realidade virtual/aumentada: do terminal aos 360º.