É curioso, a sensação de entender uma referência anos, às vezes até mesmo décadas, após você ver aquilo pela primeira vez. Quando você nem sabia que havia alguma referência, quando pensou que era apenas alguma piada sem graça, ou estranhosidades e idiossincrasias alheias. Queria que fosse algo mais “poético” o motivo dessa minha pequena observação, mas o que me levou a refletir a respeito disso foi, bem… Os Simpsons. Quero dizer, eu cresci vendo esse desenho e, pra dizer o mínimo, eu assisti muito ele.
E havia todas essas referências que… para uma criança ou pré-adolescente brasileiro no final dos anos 90 e começo dos anos 2000 – que ainda vivia uma vida pré-internet – eram basicamente impossíveis de serem percebidas e “sacadas”:
Coisas como… quando o episódio em que o Senhor Burns abre um cassino faz referência ao Howard Hughes (o cara que tem a vida retratada no filme “O Aviador”), ou como o episódio que aborda o medo de voar da Marge faz uma breve referência ao famoso seriado americano dos anos 80 “Cheers” (que, diga-se de passagem, nunca chegou a ser exibido na TV aberta brasileira), e por aí vai…
Não sei porque exatamente resolvi escrever sobre isso, acho que talvez seja porque essas situações são uma espécie de “easters eggs” existenciais que foram plantados na sua vida 10, 15, 20 anos atrás. E é algo que você, por ter prestado atenção naquilo (mesmo sem entender as referências e muito menos saber que elas eram referências)… simplesmente lembrou de cara quando, 20 anos no futuro, assistiu a referência, assistiu a àquele filme ou seriado. Como se o acontecimento estivesse, dum estranho modo, se desenrolando ao longo de todos esses anos.
Talvez eles tenham uma palavra pra isso em alemão,entender anos mais tarde, por um certo acaso, algo que fez parte da sua vida… uma coisa que tinha algo de além nela, mas que você nunca desconfiou. Sacar algo com décadas de atraso e falar: “Caramba, é isso então?!”
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