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Fraco demais para a vida…

A verdade é que eu sou muito fraco para a vida, eu me desespero fácil, eu tenho medo de tudo, das pessoas, da vida, dos riscos. Eu caço motivos para o desespero e para a infelicidade. Qualquer ventinho me derruba. Acho que… talvez de certa maneira pode se dizer que eu eu sou um “embrião desperdiçado”…

…eu vi o futuro, eu vi, e nele eu estava vivo.

Eu sei que o amanhã virá, porque eu o vi. O sol irá nascer e tudo que você tem que fazer é acordar. O futuro esteve em guerra mas ele está voltando para casa. O futuro parece com uma criança com uma capa. O futuro é o mapa e o tesouro. O futuro parece exatamente como a gravidade: todos estão lentamente derivando em direção a todo mundo. Todos nós seremos parte um do outro um dia. O futuro é um céu azul e um tanque cheio de gasolina. Eu vi o futuro, eu vi, e nele eu estava vivo.

Neil Hilborn – The Future

Diário: 26/11/2018

É difícil para mim ver homens trans. Dói. Especialmente quando eles eram mulheres bonitas. Não digo isso no sentido de “Oh, como alguém ‘mutilaria’ o corpo assim”, ou seja lá qual outro clichê os conservadores dizem. É difícil porque essas pessoas já nasceram com o que eu sempre quis, em belos corpos femininos, pessoas que podiam usar vestidinhos fofos sem ter que brigar por isso, sem ter que ser chamado de aberração, sem isso ser estranho. Pessoas que poderiam viver sua vida inteira sem ter sua identidade como mulher questionada uma única vez sequer. 

E essas pessoas “jogaram fora” o “presente” que o destino lhes deu de mão beijada. Evidentemente que digo isso a partir da minha perspectiva – pra elas não era um presente, pra elas aqueles vestidinhos certamente não eram tão fofos, pra elas era ruim, pra elas era horrível. É que pra mim é simplesmente difícil entender por que alguém iria… iria rejeitar isso. Por que alguém abriria mão dum corpinho delicado e meigo. Não consigo entender o que levaria alguém a querer ser um homem. E pra eles – estes homens – talvez o inverso pareça igualmente incontemplável, tão absurdo quanto o deles é pra mim. “Oh, por que alguém iria querer ser mulher?!”, devem pensar.

Engraçado… parece que o destino troca nossos presentes. É a tirania da biologia que aprisiona jovens em corpos centenários, pessoas saudáveis em corpos deficientes, homens em corpos femininos e mulheres em corpos masculinos. Que a ciência ponha fim a tirania da biologia. Que haja apenas o mais sublime triunfo da vontade.

…não saber o que sonhar…

Mais desesperador do que sonhar com algo impossível… é não saber o que sonhar. Mais desesperador do que possuir uma fantasia impossível duma vida perfeita que lhe faria feliz… é não saber o que imaginar. Ou sentir que a utopia de outrora não vem funcionando mais como conforto. A idealização, por mais utópica, e por mais “eterna miragem do deserto” que ela seja… ela tá lá, o eterno oásis inalcançável. “Se eu ao menos tivesse aquilo eu seria feliz…”

Mas e quando você não sabe o que você quer? E quando dinheiro, e belos corpos femininos, e fama, e a arte reconhecida, e seja lá mais o que as pessoas idealizam… não lhe fazem sorrir. E quando não há nada para se ter inveja? O que resta? Acho que aflição e desespero. Se afogando em infelicidades obscuras que você não sabe pronunciar o nome. Em sofrimentos que os nomes fogem à boca.

Eu

A única coisa que possui valor intrínseco… é o prazer

“A única coisa que possui valor intrínseco é o prazer. O prazer dá valor a si mesmo.”

Todas essas outras coisas que nos o proporcionam: desde ter o que comer até ter uma ilha no Caribe, desde ter uma família até ganhar um Oscar. Elas – as satisfações de nossas necessidades fisiológicas e da segurança, do amor e do relacionamento, da estima e da realização pessoal – são sempre apenas meios para se alcançar este fim.

De muitas formas, esse texto é uma continuação ou uma explanação mais a fundo no que tange os anseios e complexos da vida moderna que discorro em meu artigo “Reflexões: Frustração, Mídia e Depressão”. Grosso modo e resumidamente, aparentemente nunca estamos contentes com o que temos ou, parafraseando o personagem da série House: “As pessoas gostam do que elas não têm.” Continuar lendo A única coisa que possui valor intrínseco… é o prazer

Diário: 10/04/18


Estava juntando dinheiro para comprar um novo celular, da Xiaomi
(meu antigo celular quebrou) tava pensando em algo na casa dos 700, no máximo 800 reais. Mas acho que minha mãe vai me pedir uma grana emprestada e por isso vai demorar mais pra eu juntar esse dinheiro. Ela paga de volta só que, bem… demora… bastante… 1 ano ou mais.

Não tenho coragem de falar que não, e sei que nem tenho esse direito, eu vivo aqui de graça, e não ajudo a pagar uma conta sequer. Então, não teria o direito de não emprestar. Porra, eu não teria nem mesmo o direito de não dar esse dinheiro permanentemente, sem ela precisar me pagar de volta. Tento não causar transtornos nem brigas, porque eu sinto – aliás, não apenas sinto, mas foi algo que sempre jogaram na minha cara quando transtornos e brigas ocorriam (eles não faziam isso no dia a dia, não é como se eles ficassem me humilhando por eu não trabalhar, mas quando rolava brigas e discussões e conflitos, geralmente esse era um assunto que sempre vinha à tona) então eu tento não causar nenhuma confusão nem nada. Sempre sinto que estou “on thin ice”, como diriam no inglês. Sempre sinto que “estou por um triz”.

Enfim, acho que… é uma frustração com uma situação que você não pode fazer muita coisa pra mudar ela. Eu odeio ser pobre. Ah, ok, isso é muito comum, deixa eu colocar um pouco de estranhosidade nessa declaração: odeio ser pobre, preto e ter um pau. Agora sim estamos falando. Porque odiar ser pobre, creio eu que isso é um tanto mainstream, um tanto arroz com feijão. Queria eu ser uma japonesinha rica cheia de vestidinhos fofos. Puta merda, como sou uma criatura muito frustrada e insatisfeita com a vida/existência…

Enfim, há posts mais engrandecedores meus aqui no blog do que publicações como essa estilo “meu querido diário”, vão ler sobre a automatização da parte técnica da arte, ou sobre como as mudanças tecnológicas no mundo real afetam as histórias que contamos na ficção, ou algum texto mais filosófico que já botei nesse mundo.

Diário: 29/01/18

Sinto que ele acha profundamente injusto e tem um ressentimento pela minha pessoa, pelo que eu não faço – eu não o culpo, eu é que me culpo. Mas… é que tenho medo, pânico e ansiedade. Me desculpa, sei que isso é um motivo não lá muito bom, mas é verdade. Isso e também eu provavelmente não conseguir fazer aquilo que gosto – mas talvez as coisas que eu gosto não sejam remuneráveis, ou eu é que simplesmente não tenha capacidade pra capitalizar em cima delas – e também talvez por sentir que se eu fizesse outra coisa… o estresse, o pânico, e a falta de tempo não me deixariam fazer aquilo que me interessa – seja lá o que isso for. Seria tão bacana conseguir ganhar dinheiro fazendo esse blog. Seria tão bacana não precisar se preocupar com dinheiro.