Não acredito na fila do SUS

Faustão passa por transplante de coração; hospital diz que cirurgia foi ‘sucesso’

Já admito de antemão, talvez seja conspiração de minha parte, mas conhecendo o Brasil, o país do jeitinho, da maracutaia, a nação do “levei vantagem”, tenho uma crença negativa em cada instituição pública brasileira e de sua respectiva competência e idoneidade: de nossa Suprema Corte, que manda soltar traficantes, até o SUS com suas filas superlotadas intermináveis para o povo.

Dito isso, acho estranho alguém conseguir um coração tão rápido assim. Não digo aqui que a família do Faustão na calada da noite levou uma maleta de dinheiro com 1 milhão de dólares, colocou ela na mesa e os médicos entregaram o coração numa caixa de isopor. Não, evidentemente não foi isso que aconteceu.

Mas questiono o quanto o fato dele ser alguém rico, alguém famoso, alguém que teve dinheiro para se internar em um dos melhores hospitais do país contribuiu para o mesmo conseguir ter acesso a um coração em questão de menos de 1 mês. Questiono todo esse sistema.

Quantas pessoas na mesma situação de Fausto morrem na fila de espera ou antes mesmo disso? E quais as probabilidades de alguém comum com esse mesmo problema dele ter acesso a um coração tão rápido assim?

O sistema é corrupto duma forma que verdadeiramente acredito que Faustão não pediu em momento algum qualquer tipo de tratamento especial. Ele só era um multimilionário, super famoso que se internou num dos melhores hospitais do país, num caso de grande repercussão, onde certamente o SUS não gostaria de mostrar as limitações do sistema e como ele realmente é para absoluta maioria da população.

É uma lógica ligeiramente similar a como presos envolvidos em crimes de grande repercussão são tratados, estes sendo enviados para presídios com condições dignas, para parecer – diante da opinião pública – que o Estado não falhou na manutenção do sistema prisional, e de que no Brasil não existem presídios superlotados e 200 mil presos sem condenação em primeira instância. Ou seja, em ambos os casos existe um claro interesse do governo de mostrar a “melhor face” de um sistema caindo aos pedaços.

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