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E se as outras pessoas não existirem?


O quanto te afetaria saber que você é a única pessoa que realmente existe no mundo?

Que todos que você um dia conheceu, seus amigos e familiares – sua mãe, seu pai, seu filho – não existem, que estes são ilusões, são zombies filosóficos, NPCs.

Vale ressaltar, essa é uma situação distinta de obras como o Matrix. No clássico das irmãs Wachowski, embora aquela realidade seja falsa e manipulada pelas máquinas rodando a simulação, apesar disso… as pessoas presas na Matrix existem, são seres humanos de carne e osso e, mais importante do que isso, são criaturas sencientes que possuem uma experiência de mundo própria: há um fantasma no casulo. A simulação lá está mais para um jogo em realidade virtual imersiva com multiplayer online onde humanos jogam entre si, mas a IA rouba para ela própria vencer, do que essa “realidade virtual solipsista da qual aqui falo…

Feita essa observação, o quanto saber disso iria afetar alguém? Você pararia de amar seu filho se ele não “existisse”? As pessoas dão muito valor a algo ser verdadeiro. Quando você ainda vai ter uma experiência, dizem que você deve escolher a realidade, porque só a “realidade importa”, mas e se invertemos a ordem dos fatos? E se você descobre que uma experiência que teve, um evento que te trouxe muita felicidade, não foi real? De repente aquilo pararia de ter valor? Deveria, se estivéssemos seguindo essa lógica à ferro e fogo…

Suponhamos então por um instante que todo esse nosso universo é uma simulação, que todas as outras pessoas, incluindo sua filha e esposa não são reais, que elas são zumbis filosóficos, apenas fingindo que existem através da mais perfeita imitação dum ser humano.

Teoricamente, se você descobrisse isso, sua família deveria imediatamente passar a ter o mesmo valor de uma torradeira ou um sofá, ou qualquer outro objeto desprovido de vida. Afinal, não devemos obrigações morais para com objetos, se você compra um sofá você pode fazer o que quiser com ele – tacar fogo, quebrar, jogar no lixo – tudo sem se sentir culpado moralmente por isso. Logo, a mesma lógica se aplicaria a sua família e amigos, caso fossem NPCs.

Mas aqui… algo simplesmente não soa certo, aquilo aparenta ter um valor mesmo não sendo real…

Talvez a mentira importe? Talvez a mentira até nos salve…

Os Inacreditáveis Acontecimentos do “Impossível”


Você tem todos esses eventos que nunca aconteceram ainda, ou que não aconteceram há muito tempo, certamente não nos dias de hoje, certamente não no moderno século 21, certamente não para a geração atual.

“Fantasiamos”, com um certo “inocente anseio pelo fim do mundo como o conhecemos”, como as reagiríamos a estes mesmos, nós teorizamos na ficção em e nossas histórias e filmes e livros e tudo mais

E em certas ocasiões, somos sortudos, ou azarados, a depender do contexto, para testemunhar tal evento em primeira mão e, talvez até mais importante que isso: de saber como reagiríamos a tal acontecimento.

Para dar um exemplo do que eu estou querendo dizer e o que me fez pensar nisso, sei que é um exemplo bobo e ordinário, mas gosto de comentar sobre o que me faz pensar em algo… porque daí fica tão mais fácil de entender minhas palavras tortas:

Em 2009 estrearam uma série sobre um apocalipse zombie, mais especificamente acompanhando a vida dos participantes do Big Brother do Reino Unido durante tal evento. Na história do seriado, evidentemente há uma crise de saúde acontecendo, que inicialmente apenas deixava as pessoas seriamente doentes. A direção do programa não conta aos participantes sobre o que estava acontecendo no mundo lá fora, até que a situação abruptamente fica fora do controle, quando os doentes começam a se transformar em zombies, e a sociedade colapsa num piscar de olhos, deixando os participantes do programas alheios ao fim do mundo.

Pois bem, eis que uma situação similar, mas evidentemente dentro da realidade, acontece em nosso mundo real, e a reação tomada em si, é completamente distinta, os participantes são avisados da epidemia acontecendo.

…E é tudo tão menos megalomaníaco e surpreendente do que poderíamos imaginar ou fantasiar, tão mais mundano, blasé e “ordinário”, ao menos diante de nossas expectativas, quiçá demasiadamente grandes e hollywoodianas: esperávamos um filme do Tarantino e acabamos assistindo Nouvelle Vague, um filme importante e com significado, mas ainda assim, não exatamente o que esperávamos.

A História do Mundo na Ficção

O mundo da ficção geralmente toma como base a realidade do mundo real, mais especificamente falando do mundo real atual; onde existem os mesmos costumes, e tradições, e papéis sociais, e países, e dilemas morais e tabus e por aí vaí.

Tudo igual com uma ou outra diferença aqui ou ali – ficção científica e fantasia com uma maior distinção, obviamente. Porém, e um pensamento curioso que me ocorreu há algum tempo, não dá para garantir que o mundo que existe no filme seja “o mesmo da realidade”. Permitam-me me explicar melhor: Até onde sabemos, aquilo que não é mostrado na ficção não necessariamente existe na realidade da mesma.

Talvez a Nova-Zelândia não exista na realidade do filme “Estrada Para Perdição”, eles não falam sobre o país em momento algum. Talvez o “Seinfeld” se passe num universo onde Serra Leoa é a nação mais rica do mundo. Talvez o filme um “Um Sonho de Liberdade” tome lugar numa realidade onde a terra é o centro do universo. Talvez todas essas coisas mencionadas sejam verdade em suas respectivas ficções… porém elas apenas não tenham sido mencionadas.

Nós presumimos, meio que por default, que a realidade e, digamos assim, a “história da humanidade” duma arte tenha tomado como template a história real – salvo exceções onde é óbvio que esse não é o caso, como “Game of Thrones”, “Senhor dos Anéis”, “Star Wars”, etc. Porém, isso é não é nada mais que uma presunção nossa, pode ser que não seja assim.

Aliás, não só a história da humanidade, como também as leis da física e tudo mais. Sempre que apontam que algo que acontece num filme não é “cientificamente acurado”, poderia se alegar que talvez as leis da física da realidade daquela obra sejam diferentes das do mundo real e permitam aquilo acontecer.

Alguns artigos que recomendo e que acabam meio que se relacionando com esse tema:

• “O Efeito das Mudanças Tecnológicas do Mundo Real na Ficção”

• ““E o Vento Levou” com iPhones”

• “Tabus, Leis e Visão Criativa: O Vale da Estranhosidade na Narrativa Artística”

Há um filme sobre um semideus…

nFHqKNFKHá um filme sobre um semideus que criava realidades a fim de passar o tempo, continuamente apagando sua memória e vivendo incontáveis “falsas realidades” que ele acreditava serem reais, sempre achando que era mortal, a ilusão da dificuldade. Ao julgar pela minha lista de fetiches a perder de vista, me imagino nessa situação: criando realidades e realizando parafilias e parafilias. Pantyhose, Ageplay e Petplay.

Somos livres pra fazê-las perfeitas

Nós permanecemos calados em relação as fantasias que temos porque nós não temos certeza de como os outros irão reagir. Mas eles estão fazendo a mesma coisa. Nós deveríamos pegar leve conosco, uma fantasia às vezes é simplesmente a melhor forma que um desejo pode tomar. Nós nem sempre temos um plano, e isto talvez seja o melhor que podemos fazer. Mas fantasias também significam liberdade das responsabilidades. Nós somos livres pra fazê-las perfeitas e não ter que nos preocuparmos em como elas realmente seriam… na realidade.

The School of Life – Our Fantasy Lives

Os Imortalistas

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Somos os imortais
Os Sonhadores de Sonhos

Aqueles dos paraísos nos Cilindros de O’Neill
Aqueles das Esferas de Dyson
Aqueles da nanotecnologia e dos replicadores
Aqueles da engenharia genética e das realidades virtuais

Aqueles brincam com átomos
Aqueles que inventam
Aqueles que criam deus, p
ara então, em seguida, nos transliterarmos nele
Aqueles que projetam a realidade
Aqueles que engenham a divindade
Aqueles que arquitetam a existência
Aqueles que são o que querem ser

Mais estranho que uma foto de Júpiter

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Há uma peculiar sensação quando vemos imagens de coisas que geralmente não observamos em nosso dia a dia, uma espécie de confusão mental, por assim dizer, de desacreditar o que está vendo.

E não importa quão real as imagens sejam (às vezes são reais de fato!), elas nos soam estranhas e inacreditáveis, nossos olhos as encaram com desconfiança, como se de alguma forma elas estivessem “perfeitas” demais, talvez.

Nós temos muito esta sensação em filmes onde os efeitos são praticamente indistinguíveis da realidade, ou seja, por exemplo, se você visse um robô gigante lutando contra um monstro de outra dimensão em Hong Kong… provavelmente seria algo muito parecido com o que a cena do Círculo de Fogo mostrou. Mas ninguém nunca viu isto, obviamente. Continuar lendo Mais estranho que uma foto de Júpiter