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“Palm Springs” e Loops Temporais


Fui assistir esse filme despretensiosamente e confesso que ele é um prato cheio para teorias de fãs sobre como o loops temporais funcionam. E, diferente de muitas obras que abordaram o tema, ele tem certas particularidades que tornam a ideia bem interessante. O diretor, corretamente, pressupõem que nessa altura do campeonato a audiência já sabe a dinâmica de loops temporais e portanto não desperdiça tempo do público explicando isso. O que é bom por dois motivos: primeiro que poupa tempo do telespectador e segundo que adiciona uma carga de mistério. Eis aqui algumas questões que o filme nos deixa:
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Time Loops e Múltiplos Universos


Uma coisa curiosa sobre time loops, como no filme “Groundhog Day” (O Feitiço do Tempo), que nunca tinha parado muito para refletir é: o que acontece com as pessoas fora do loop? Geralmente o que esses filmes deixam a entender é que aquele universo para de existir quando você dorme ou quando chega uma determinada hora do dia. Então, teoricamente todas as pessoas do mundo estão naquele time loop junto com você, com a diferença que você é o único que se lembra do que aconteceu nos loops anteriores,.

Porém, uma outra forma de observar a situação é que cada vez que o tempo “reseta”, o que acontece na verdade é que sua mente é teletransportada para um novo universo que passa então a existir, porém o universo anterior, e as ações que você fez naquele “loop”, naquela “volta” continuam existindo.

Em outras palavras, se você mata alguém num dos loops (vamos chamar de loop A), vai dormir e acorda no loop B, o universo/loop A continua existindo, assim como as ações que você fez nele. Ou seja, nesse cenário o “reviver o mesmo dia de novo e de novo”, não é exatamente um “reset”, mas mais uma viagem no tempo para algumas horas no passado para um novo universo paralelo. Cada loop é um novo universo exatamente igual ao anterior até o momento que você acorda.

Uma pergunta que talvez você esteja se fazendo então é, se quando você vai dormir sua mente é teletransportada para um novo universo, mas o universo anterior continua existindo, o que acontece com o seu corpo no universo/loop A? Não sei, talvez o seu “eu” que fica no loop A se esquece de todas as ações que ele fez naquele dia? Talvez você tenha morte cerebral quando sua mente vai para o outro universo ao dar início a um novo o loop?

De fato, você pode aplicar essa ideia até mesmo em conceitos mais tradicionais de viagem no tempo. Ou seja, se você viaja no tempo 20 anos no passado e mata seu avô, mas isso não faz com que você pare de existir porque você nunca viajou para o mesmo universo do qual veio, você matou o seu avô no universo B, não no universo A, logo não existem paradoxos do tempo.

O famoso curta-metragem “One-Minute Time Machine” faz alusão a esse conceito, embora pelo que entendi a mecânica é um pouco diferente: sua mente não é teletransportada quando você morre no universo A, em vez disso uma cópia da sua mente, que “pensa ser você”, é enviada 1 minuto no passado para o universo B e assim por diante.

Um Mundo…

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Gostaria de pensar que há um mundo, onde os sonhos que acabaram ao som de balas perdidas se realizam. Onde as crianças que morreram podem crescer e gritar ao mundo sua existência. Onde todo mundo pode ter um futuro pela frente. Onde a vida não é traiçoeira.

Gostaria de pensar que há um mundo onde todos, todas as bilhões de vítimas das circunstâncias, dos derrapamentos de carros matadores, dos terremotos, dos tsunamis que arrasam vidas, dos aviões jogados em prédios, de todos os corações que pararam … onde todos eles podem viver.

Um mundo onde todo um pai pode ver seu filho crescer, e onde todo filho pode crescer ao lado do pai, e onde toda mãe pode acalentar seu recém nascido em seu peito. Onde todos os peregrinos do mundo podem viver plenas jornadas épicas a procura de momentos de beleza estática.

E esse é o mundo que, em meus delírios de alguém que não conhece nada da vida, sonho nas madrugadas em que a saudade aperta, e em que percebo quão errada a vida é.

Um Mundo Onde Meninos Usam Saias e Meninas Calças

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Então, eu sou um grande entusiasta de literatura e contos transgêneros, e achei muito interessante essa história que mostra um mundo paralelo, onde era moralmente aceitável, aliás, não só moralmente aceitável, era “normal” meninos usarem vestidos e brincarem de bonecas, e no qual era considerado “imoral e anormal” meninas fazerem o mesmo.

Nós percebemos quão insanas são essas regras de gênero ao invertermos elas, e percebemos o absurdo do preconceito. Digo, é a coisa mais normal no mundo uma menina gostar de balé, por exemplo. Ninguém vai brigar com a filha por causa disso, pelo contrário, geralmente os pais incentivam tal atividade.

Agora imaginem um mundo onde fosse considerado “anormal e errado” meninas fazerem balé? Onde os pais delas as levassem em psicólogos e terapeutas devido ao simples desejo delas externalizarem sua feminilidade e agirem como se sentem?

Basicamente o conto, eu vou colocar o link abaixo, narra essa história desse menino que, do nada, acorda num universo paralelo praticamente idêntico ao nosso, porém no qual as regras de gênero estão basicamente invertidas, ou seja: onde meninos possuem os papéis sociais de gênero equivalentes aos das meninas (no nosso mundo), e vice-versa.

E sentimos a aflição deste menino, que vivia num mundo onde ele era considerado cisgênero, ou seja: o comportamento e sentimentos dele estavam de acordo com os comportamentos que a sociedade esperava de um menino quando, de repente, por estar num mundo com outros paradigmas de gênero, do nada, se vê sendo um transgênero, e é forçado pela família dele a agir conforme as regras de gênero daquele outro universo paralelo.

E no caso, a versão do menino desse outro universo, no qual era normal meninos usarem vestidos e tudo mais, acaba vindo parar aqui no nosso universo, no qual a identidade de gênero dele era considerada feminina, em relação aos valores da sociedade.

É uma ótima história, certamente recomendo.

Link: “Doppelganger” de Mary Beth Sanford